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As sutilezas do período de adaptação

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As lágrimas que escorrem dos pequenos olhos e o choro, contínuo ou parcelado, gritado ou soluçado, aflito ou mais contido, nos dizem das manifestações mais legítimas que as crianças pequenas encontram para comunicar a sua entrada no mundo.

Não nascemos prontos, estamos o tempo todo nos deparando com situações novas e desafiadoras, angustiantes e que, por isso, podem gerar inseguranças e medos. Desse modo, sair do seio familiar e entrar em um universo novo (a escola), encontrar outros adultos (o professor-referência) em que possa confiar, reconhecer outros espaços e se reconhecer enquanto parte de um grupo constitui o que chamamos de período de adaptação.

Neste período, a relação composta na tríade família–escola–criança é muito fundamental. É preciso que os pais estejam seguros em deixar seus filhos na escola, que as crianças possam sentir essa segurança vinda de seus pais e do professor que irá recebê-los. Assim como, é essencial que a escola seja um ambiente acolhedor e encantador.

A adaptação precisa ser lenta e gradual, respeitando o tempo de cada criança, de cada família, de cada pai, de cada mãe. Assim, esse processo acontece em um tempo indeterminado, com avanços e retrocessos.

Estas reações podem começar com a perplexidade, choro desconsolado, protestos violentos, até momentos de apatia e ausência de fome. Desse modo, podemos entender que as crianças são pequenas demais para compreender a complexidade da categoria tempo. O que parece um período curto para um adulto pode significar para uma criança a sensação de abandono definitiva.

Por estas razões, entendemos que a adaptação das crianças pequenas em nossa escola deve ser feita gradualmente, com a presença dos pais na escola durante a primeira semana.

  • No primeiro dia, as crianças permanecem na escola por uma hora.
  • No segundo dia, duas horas.
  • E assim sucessivamente.

Na nossa experiência, as reações variam. Algumas crianças são mais resistentes à aproximação, enquanto outras se encantam rapidamente com os espaços da escola. Algumas choram, outras gritam, e outras apresentam choros curtos durante todo o dia. E também existem aquelas que, mesmo desconfiadas, estão mais seguras e manifestam de outros modos seu estranhamento com a chegada à escola.

Nesse momento, as crianças precisam da chupeta, do paninho, do urso de pelúcia ou de qualquer outro objeto de apego que seja significativo e lhes dê segurança. O colo pode ser o lugar de conforto, e, aos poucos, elas podem superar isso e seguir de mãos dadas.

Os lugares que trazem elementos conhecidos pelas crianças também são importantes estratégias, como a piscina de bolinhas, o balanço ou o parquinho. As crianças não conhecem a escola, mas conhecem a piscina de bolinhas por suas andanças, gostam de bichinhos ou do parquinho, e isso gera uma sensação de bem-estar.

Quando o choro fica muito intenso, nossa estratégia é caminhar até a biblioteca, passando por lugares que procuram transformar o novo angustiante em novo encantador. E, de fato, assim se faz.

Mas é justamente nesse lugar de perdas e ganhos que o vínculo com as crianças e as famílias vai se estabelecendo, de modo que as crianças passam a entender que conhecemos seus pais, sabemos onde eles estão e como encontrá-los quando for necessário.

Ainda que tenha uma semana destinada à adaptação, ela não termina ali.

A segunda parte da adaptação começa quando os pais não estão mais na escola. É o momento em que nossa rotina começa a se configurar de maneira acolhedora e divertida, com histórias, brincadeiras, arte, música, entre outros momentos e atividades.

Os choros de entrada passam a ser mais curtos, até que se findam totalmente. E o vínculo das crianças conosco, com as outras crianças e com os outros adultos da escola vai se estabelecendo.

No entanto, a adaptação da vida ainda não terminou! Situações novas e de mudança virão (como o desfralde, deixar a chupeta, a entrada ou saída de uma criança do grupo…) e essas situações precisam de toda a nossa atenção e cuidado.

Se olharmos a sutileza dos choros, da angústia e dos medos desde a primeira infância, certamente estaremos mais preparados para a vida, que é cheia desses lugares, gentes e situações novas…

Sejam bem-vindos à nossa escola!
Que tenham um lindo processo de adaptação!

Com carinho,
Equipe Diretiva Escola Geração Alegria

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